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Ciência e Tecnologia

Pinguins-imperadores enfrentam risco de extinção na Antártida, aponta estudo

Historicamente, o monitoramento da espécie era difícil, já que a reprodução ocorre no inverno antártico.

Um novo estudo do British Antarctic Survey, publicado nesta terça-feira (10/6) na revista Nature Communications Earth & Environment, revelou que a população de pinguins-imperadores na Antártida caiu cerca de 25% entre 2009 e 2023. A pesquisa, considerada o maior censo da história dessa espécie, usou imagens de satélite em altíssima resolução para monitorar dezenas de colônias localizadas entre 0° e 90° W — região que abriga mais de um terço da população global da espécie.

O impacto do clima extremo

A principal conclusão do estudo é alarmante: o aquecimento global e a perda acelerada do gelo marinho estão empurrando a espécie para a extinção. A pesquisa mostra que entre 1951 e 2000, as temperaturas do ar na região subiram até 2,8 °C em determinadas áreas. Fenômenos como o El Niño também alteraram os padrões de gelo, reduzindo a disponibilidade do chamado “gelo rápido” — essencial para a incubação de ovos e o desenvolvimento dos filhotes.

Foto: Samuel Blanc/ DivulgaçãoPinguins-imperadores
Pinguins-imperadores

Nos últimos três anos (2022 a 2024), o derretimento do gelo marinho atingiu níveis recordes, resultando em falhas reprodutivas graves em diversas colônias. Muitos filhotes morreram ao cair no oceano antes de desenvolverem as penas impermeáveis necessárias para nadar e sobreviver em águas geladas.

Perda mais rápida que o previsto

O estudo indica que a população tem diminuído, em média, 1,6% ao ano — totalizando uma redução de 22% em 15 anos. Esse ritmo é cerca de 50% mais acelerado do que as projeções anteriores baseadas em modelos climáticos, que previam uma queda de cerca de 9,5% entre 2009 e 2018.

Com base em modelos de metapopulação, os cientistas alertam que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem elevadas, quase todas as colônias de pinguins-imperadores podem desaparecer até o final do século.

Vulnerabilidade da espécie

Ao contrário de outras aves marinhas, os pinguins-imperadores não interrompem a reprodução mesmo em anos desfavoráveis. Como colocam apenas um ovo por estação e apresentam baixa taxa de sobrevivência entre os filhotes, a espécie é particularmente vulnerável a mudanças ambientais bruscas.

Historicamente, o monitoramento da espécie era difícil, já que a reprodução ocorre no inverno antártico, quando o clima e a logística tornam o o extremamente limitado. Desde 2009, com o uso de satélites de alta resolução, foi possível estimar com maior precisão o tamanho da população. Inicialmente, eram cerca de 238 mil pares reprodutores, número que chegou a 258 mil, mas que agora está em franco declínio.

Um futuro incerto

Embora exista a possibilidade de que os pinguins-imperadores se desloquem para áreas mais ao sul, em busca de condições mais favoráveis, os pesquisadores alertam que não há garantias de que encontrarão ambientes adequados para se reproduzir.

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