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Desfibriladores em academias: um projeto baseado na exceção, não na regra

Apesar da comoção gerada, é importante dizer com clareza: esse projeto de lei é precipitado.

Uma proposta recente de um deputado estadual do Piauí tem gerado debate: a obrigatoriedade de desfibriladores em todas as academias de ginástica. Ao que parece a iniciativa surgiu após a trágica morte súbita de uma jovem de 20 anos dentro de uma academia em Hortolândia (SP) que, segundo relatos, não dispunha do equipamento.
Apesar da comoção gerada, é importante dizer com clareza: esse projeto de lei é precipitado, ineficiente e incoerente.

Estamos falando de uma situação extremamente pontual, uma exceção dentro de um universo imenso. O Brasil tem milhares de academias, de norte a sul, com milhões de pessoas praticando exercícios todos os dias. Casos como esse são extremamente raros. É tão tal que nem existem dados estatísticos oficiais sobre o assunto. Logo, tomar uma decisão legislativa com base em um episódio isolado é legislar sob emoção — o que geralmente leva a projetos ineficazes e pouco sensatos.

Foto: Arquivo pessoal/Demóstenes Ribeiro"Nos meus quase 40 anos de vivência de academia no Piauí nunca teve morte em academia", diz Demóstenes
"Nos meus quase 40 anos de vivência de academia no Piauí nunca teve morte em academia", diz Demóstenes

Além disso, mesmo quando o desfibrilador está presente e o protocolo de atendimento é executado com excelência, as chances de reversão de uma parada cardíaca continuam sendo limitadas. Isso torna a obrigatoriedade questionável não só do ponto de vista logístico e econômico, mas também clínico.

Se o parlamentar realmente deseja salvar vidas, o foco deveria estar em combater o sedentarismo. Essa, sim, é uma pandemia que mata silenciosamente mais de 300 mil brasileiros todos os anos. Promover o o à atividade física, apoiar programas de saúde preventiva e valorizar as academias como aliadas da saúde pública é o caminho mais inteligente.

Criar uma lei com base em uma tragédia isolada é desviar o foco do verdadeiro problema. Precisamos de políticas públicas que ampliem o o à atividade física, não de mais obrigações infundadas que possam desestimular os espaços que promovem saúde.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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