Uma proposta recente de um deputado estadual do Piauí tem gerado debate: a obrigatoriedade de desfibriladores em todas as academias de ginástica. Ao que parece a iniciativa surgiu após a trágica morte súbita de uma jovem de 20 anos dentro de uma academia em Hortolândia (SP) que, segundo relatos, não dispunha do equipamento.
Apesar da comoção gerada, é importante dizer com clareza: esse projeto de lei é precipitado, ineficiente e incoerente.
Estamos falando de uma situação extremamente pontual, uma exceção dentro de um universo imenso. O Brasil tem milhares de academias, de norte a sul, com milhões de pessoas praticando exercícios todos os dias. Casos como esse são extremamente raros. É tão tal que nem existem dados estatísticos oficiais sobre o assunto. Logo, tomar uma decisão legislativa com base em um episódio isolado é legislar sob emoção — o que geralmente leva a projetos ineficazes e pouco sensatos.

Além disso, mesmo quando o desfibrilador está presente e o protocolo de atendimento é executado com excelência, as chances de reversão de uma parada cardíaca continuam sendo limitadas. Isso torna a obrigatoriedade questionável não só do ponto de vista logístico e econômico, mas também clínico.
Se o parlamentar realmente deseja salvar vidas, o foco deveria estar em combater o sedentarismo. Essa, sim, é uma pandemia que mata silenciosamente mais de 300 mil brasileiros todos os anos. Promover o o à atividade física, apoiar programas de saúde preventiva e valorizar as academias como aliadas da saúde pública é o caminho mais inteligente.
Criar uma lei com base em uma tragédia isolada é desviar o foco do verdadeiro problema. Precisamos de políticas públicas que ampliem o o à atividade física, não de mais obrigações infundadas que possam desestimular os espaços que promovem saúde.
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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